Meu sertão de divinas tradições
Sua gente é bravia igual o mar
Tua linda paisagem e teu luar
Que se tornam enredo de canções
A saudade nos traz recordações
Como a sombra dá mágoa que traqueja
Como a flor que abelha tanto beija
As centelhas de um sol sem claridade
São apenas soluços de saudade
Dessa alma matuta e sertaneja.
Meus riachos sem águas cristalinas
Minhas matas estão agonizando
Sabiá na mangueira está chorando
Nem formiga eu encontro nas rezinas
Até mesmo meu galo de campina
É possível que lá não mais esteja
Nosso povo hoje triste não festeja
Só tristeza no peito é quem invade
São apenas soluços de saudade
Dessa alma matuta e sertaneja.
Se só fosse essa seca que castiga
Numa tela de fome ela desenha
“inda” tem essa corja que desdenha
Do meu povo, e pra ele nunca liga.
Todo dia com a fome é uma briga
Esperando uma chuva que graceja
Um pedaço de pão o povo almeja
E lhe negam apenas por maldade
São apenas soluços de saudade
Dessa alma matuta e sertaneja.
No meu solo plantando, tudo dá.
Só não dá pra viver sem esperanças
E o governo falando em mudança
Só se for à mudança de lugar
Sem ter chuva pra gente trabalhar
É perder essa luta de bandeja
Uma nuvem que ainda não despeja
Essa chuva de amor e de bondade
São apenas soluços de saudade
Dessa alma matuta e sertaneja.
Sinto falta dos banhos de açude
Do roçado onde a gente trabalhava
E cedinho, mamãe nos acordava.
Ser feliz, eu já fui o quanto pude.
O destino às vezes meio rude
Tira o bolo e também tira a cereja
Mas eu fico aqui, e assim seja.
Pra de novo sentir felicidade
São apenas soluços de saudade
Dessa alma matuta e sertaneja.
O Nordeste é celeiro de cultura
Uma gente serena e tão feliz
Que às vezes não tem tudo que quis
Vai driblando essa vida sempre dura
Os momentos de paz ele procura
Só saúde e sossego ele deseja
Uma chuva de lágrimas já despeja
Se queixando da vil calamidade
São apenas soluços de saudade
Dessa alma matuta e sertaneja.
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