"O fracasso é uma excelente oportunidade para o sucesso". (Autor desconhecido)


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domingo, 7 de abril de 2013

O barbeiro *




Um homem foi ao barbeiro
Para seu cabelo cortar.
Como ele sempre fazia
Começaram a conversar.
Conversa vai, conversa vem.
Chegaram a falar também
Do jeito em que o mundo está.

Começaram a falar de Deus
E o barbeiro comentou:
- Não acredito que Deus exista.
- O cliente então perguntou:
- Por que você diz isto?
- Por tudo que tenho visto.
Ninguém nunca se importou.

Se Deus existisse...
Existiriam pessoas doentes?
Crianças abandonadas?
Tantos jovens delinquentes?
Se existisse não haveria dor,
Sofrimento, ódio, rancor,
E tantas pessoas negligentes.

Um Deus que permite essas coisas
Não consigo imaginar.
O cliente pensou por um momento
No que poderia falar.
Para prevenir uma discussão
Pois, naquela ocasião.
Não iria adiantar.

O barbeiro terminou o trabalho
E o cliente saiu.
Olhando para a rua
Um homem diferente ele viu.
Com cabelos longos e barbado
Sujo e arrepiado.
O cliente não resistiu.

Voltou para a barbearia
E disse de supetão.
- Barbeiros não existem!
Veja esta situação.
Se barbeiros existissem...
Não existia essa imundície
Veja que decepção!

- Barbeiros existem!
Eu sou um.
- Não. Não existem!
Nem estão em lugar nenhum.
Olhe a imagem daquele homem
Pelos e sujeira lhe consome
Não vejo barbeiro algum.

- Ah! Barbeiros existem!
Mas sabe o que acontece.
As pessoas não me procuram
São poucos os que aparecem.
É delas esta opção
Cortam o cabelo ou não?
Ou se grande permanece.

Exatamente! Afirmou o cliente.
É justamente isso. Deus existe.
Mas as pessoas não o procuram
Cometem esta tolice.
Por isso há tanta dor e sofrimento
E muito esquecimento
Desde a infância a velhice.

Deus não prometeu dias sem dor,
Risos sem sofrimento,
Sol sem chuva,
Morte sem nascimento.
Prometeu força para o dia,
Paz, amor e harmonia.
E nos deixou seu exemplo.

Conforto para as lágrimas,
Luz para o caminho,
Pediu que amasse o próximo,
Compartilhasse carinho.
Que perdoasse o irmão
Do fundo do coração
Menor ou pequenininho.

Deus disse:  - O nome de teu anjo
Não tem importância.
Chame-os simplesmente de amigo
Amigos de confiança.
Encaminhe a seus anjos...
Alguns injustos marmanjos...
E observe as mudanças.

Claudia Pinheiro 

UM CREPÚSCULO NAS BRENHAS DO SERTÃO!!



 

Quando o sol enfadado desfalece
A cortina da noite rasga o véu
As estrelas cintilam lá no céu
Bem disposta a lua aparece
Prateada e brilhante permanece
E aos vales e campos faz cortejo
Essa cena é tão bela, e quando a vejo
Não mais posso esquecer aquela imagem
E assim faço o relato da paisagem
Do cair de um crepúsculo sertanejo.

Bacurau saltitando com gracejo
Na estrada opaca e poeirenta
A coruja bisonha e agourenta
Planejando seu golpe malfazejo
Vê-se logo um sapo em seu traquejo
Indo e vindo a pular pelo terreiro
Sobe o galo pra o teto do poleiro
O matuto cansado vem da roça
A matuta contente na palhoça
Bota gás e acende um candeeiro

A palmeira no alto do outeiro
Se balança ao sabor da ventania
As seis horas da tarde, Ave Maria
E um terço pra ao santo padroeiro.
Os morcegos que passam tão ligeiro
Os tatus vão fuçarem no roçado
Um cachorro já velho está deitado
Numa tulha de fava lá na tenda
E no pátio da casa da fazenda
Pra dormida se junta todo o gado

Num galpão onde está depositado
Um paiol de algodão outro de milho
Na parede do oitão tem um novilho
Que está preso ao mourão, bem amarrado.
Um cavalo alazão já está selado
E o vaqueiro fazendo uma merenda
E depois de enfrentar sua contenda
Da rotina enfadonha e arrojada
Vai correndo tomar uma lapada
De cachaça da boa lá na venda

Uma velha que está fazendo renda
Pede a filha que traga um café quente
E um lanche, pra que ela se alimente
E termine de vez sua encomenda.
Um velhote contando alguma lenda
No alpendre do velho casarão
O assento é um caixote de sabão
Pra que possa fazer a narrativa
E assim se mantenha acesa e viva
A cultura do povo do sertão

Ora dou por completa a descrição
De uma boca de noite sertaneja
Eu pretendo e espero que esteja
Dando aqui minha colaboração.
E do povo daquela região
Seus costumes narrei nesse relato
Estou falando de mim, porque de fato
Meu orgulho é total e absoluto
Em dizer para o mundo, eu sou matuto!
E sou muito feliz por ser do m
ato!

Carlos Aires

Do jeito que fui criado / Me tornei um cidadão




I
Entre querer e fazer
Há uma grande distância
Aprendi desde a infância
Que querer não é poder
Eu tinha que obedecer
Ao pai, à mãe e ao irmão
Toda a minha educação
Foi pra me tornar honrado
Do jeito que fui criado
Me tornei um cidadão

II
Os pais de antigamente
E também os professores
Agiam com mais rigores
Do que no tempo presente
Hoje são condescendentes
Com a nova geração
Tratam sua formação
De um modo equivocado
Do jeito que fui criado
Me tornei um cidadão

III
A falta de autoridade
De pais e educadores
Invertem alguns valores
Da nossa sociedade
Excesso de liberdade
Sem nenhuma obrigação
Com alguma exceção
Tem tudo pra dar errado
Do jeito que fui criado
Me tornei um cidadão

IV
Pedir a benção aos pais
Era prova de respeito
Tinha que fazer bem feito
As tarefas pessoais
Desobedecer jamais
Senão tinha punição
Surra, castigo ou sermão
Tinha que aceitar calado
Do jeito que fui criado
Me tornei um cidadão

V
Aos mais velhos respeitar
Aprendi desde o início
Evitar o desperdício
E o que sujou limpar
Na escola e no lar
Aprendi essa lição
Se errar pedir perdão
Devolver o emprestado
Do jeito que fui criado
Me tornei um cidadão

VI
Sempre agir com lealdade
Tomar banho antes da ceia
Respeitar a coisa alheia
E dizer sempre a verdade
Viver com honestidade
Ter senso de gratidão
Não discutir sem razão
E saber ouvir calado
Do jeito que fui criado
Me tornei um cidadão

VII
Poupar quando houver bonança
Nos gastos ser comedido
Pagar o que é devido
E conquistar confiança
Viver bem com a vizinhança
Beber com moderação
Cumprir a legislação
E honrar o combinado
Do jeito que fui criado
Me tornei um cidadão

VIII
Não andar com desordeiro
Abominar a preguiça
Não cometer injustiça
Dar descarga no banheiro
Botar lixo no lixeiro
Não guiar na contramão
Não entrar sem permissão
Nem ir sem ser convidado
Do jeito que fui criado
Me tornei um cidadão

IX
Respeitar a natureza
Saber guardar um segredo
Não fazer barulho cedo
Só afirmar com certeza
Não deixar a luz acesa
Nem dormir sem oração
Não jurar por Deus em vão
Nem profanar o sagrado
Do jeito que fui criado
Me tornei um cidadão

X
Meus pais não foram perfeitos
Na forma de me educar
Mas souberam me ensinar
Uns importantes conceitos
Que servem como preceitos
Para a boa educação
Aprendi e desde então
Eu os tenho praticado
Do jeito que fui criado
Me tornei um cidadão
Edmilton Torres

AGORA EU VÔ PRO DOTÔ!!!


                                                                  (CAUSO MATUTO)



Mi proguntaro asto dia
Cumé qui tutais Juaquim?
Respondi sem arrilia
E foi mais ou meno assim
Eu tô mei disleriado
Os mocotó tá inchado
Tô sintinno um farnizin
Pió qui pirão de sebo
Andano qui nem um bebo
Sem mi aprumá no camim!!!

Um gôgo me aperriano
Queu tusso pra mi lascá
Um insporão me furano
Bem no mei do caicanhiá
Qui me dexa essa manquera
Tomém sofro uma cocêra
Aqui nas parte da frente
Vivo anssim nessa quizila
Num tenho a vida tronquila
Quiném tinha antigamente

Sofro de dô incausada
De ispinhela caída
De junta descunjuntada
Na canela uma firida
Qui vevi a martratá eu
Já virô “sarou morreu”
Disso tô ciente e certo
Arre cum quanta mazela
Tô cum pigarro na guela
Tomém cus’peitos aberto

Tô tumano uma meizinha
Qui seu Mané fêis pra eu
Cum titica de galinha
Cidrêra, eiva-doce, breu
Tem casca de quixabêra
De pau-carrasco, aruêra
Raspa de pau-angelim
Jucá, jatobá, angico
Catuaba, grão-de-bico
Feijão-de-boi e gergelim

Mé de abêia jataí
Cravo do reino, pimenta
Semente de calumbí
Tem jurubeba, água benta
Tem foia de maiva-rosa
Inté baba de babosa
Ali Seu Mané butô
Tumei cum todo coidado
Num rugime insagerado
E as mazela num passô

Aí eu dixe tá rim
Pos tô cada veis pió
Minha véia dixe assim
Acho quisso é catimbó
Vai lá no congá de Chica
Que toda essa trumbica
Qui tu tem vai se acabá
Sinti assim um receio
Mai sigui o seu cunceio
Fui direto pro Congá!!

Dona Chica proguntô
Uqué qui voismicê tem??
Dixe: é as mão cum tremedô
Os pés tremeno tomém
Disarranjo de institino
Meu pescoço já tá fino
E o bucho incho e cresceu
Nos uvido inscuito uns grilo
Nem me alembro mai daquilo
Num sei o qui acunteceu!!

Sinto um fastio disgamado
Uma sede da bixiga
Amarelo, dicorado
Arroto-choco, lumbriga
Vista curta dô de uvido
Cum o coipo esmurecido
Sem corage sem alento!!
Dona Chica, eu sofro tanto
Se dói quonde me alevanto
Tomém dói quonde me asscento

Ela dixe insperaí
Queu vô vê se dô um jeito
Pru favô se assente ali
Incaloque a mão no peito
E arripita o que digo
Pra mode eu vê se consigo
Discubri o qui se passa
Nessa sua mente fraca
Acho qui essa urucubaca
É um feitiço da disgraça
Pegô rezá uns bendito
Cuns gai de arruda bateno
Quaje qui nun acredito
Naquilo queu tava veno
Ela chorava gemia
A boca fechava e abria
Suava de riba a baxo
Passô uma meia hora
Dispois disse vassimbora
Vou lhe aprontá um dispacho

Amenhã ditardezinha
Voismicê torne a vortá
Mi traga quato galinha
Um bode mode matá
Qui é pra vê se agrada o santo
E afugenta esse quebranto
E tudo o qui o sinhô sente
E além do que já foi dito
Nesse papé tá inscrito
Os zoto zingridiente

Dalí saí ligerin
Vortei pra casa cansado
No otô dia cedin
Tudo qui tava anotado
Comprei lá in “Seu Bigode”
Peguei as galinha o bode
Juntei tudo e fui in frente
Cum aquelas mercadoria
E bem no finar do dia
Eu cheguei lá novamente!!

Fiz a intrega do 
pedido
O qui acunteceu num sei
Mai já tô disiludido
Pois in nada miorei
Se o santo num se agradou
Ô se Chica num honrô
O cumpromisso selado
Feiz um seviço fulêro
Eu só fiz gastá denhêro
E continuei lascado!!

Num tomo meizinha mais
Nem vô pra catimbozêro
Pruque milaigre quem faz
É nosso Deus verdadêro
Que é pai e superiô
Vou procurá um dotô
Pra vê se fico curado
Cum meizinha e catimbó
Gastei dinhêro qui só
Sem ter nenhum resultado!!!

Carlos Aires

segunda-feira, 4 de março de 2013


UMA SECA NO SERTÃO!!!
 

Nas terras esturricadas
Arbustos viram gravetos
Mais parecem esqueletos
De arvores secas nas baixadas
As cachoeiras caladas
Está vazio o ribeirão
Animais lambendo o chão
Sem ter água e nem comida
Essa é a cena sofrida
De uma seca no sertão!

Um boi que agoniza geme
Debaixo de um juazeiro
O sol escalda o terreiro
Chega parece que treme
Um vento que vem sem leme
Roda sem ter direção
Levantando um poeirão
Forma uma nuvem cinzenta
É assim que se apresenta
Uma seca no sertão!

Cabras, cabritos, carneiros
De fome e sede berrando
Tão magros, cambaleando
Já não saem do chiqueiro
O dono queima facheiro
Pra que sirva de ração
É de cortar coração
Ver o rebanho morrendo
E o sertanejo sofrendo
Com a seca no sertão!

O sol quente feito brasa
O calorão não dá tréguas
O matuto anda três léguas
Pra trazer água pra casa
O gado magro se arrasa
Sofrendo a insolação
E o efeito do verão
Faz todo mundo sofrer
É assim o decorrer
De uma seca no sertão!

Do rio se ver o leito
Completamente sem água
Isso faz crescer a mágoa
Que o camponês tem no peito
Quando vê que não tem jeito
Vai pra outra região
Mas não se esquece do chão
Que foi nascido e criado
De hoje viver desterrado
Culpa a seca no sertão!

No campo não tem mais nada
Onde já foi farto o pasto
Hoje só se ver o rasto
Deixado pela boiada
Só a cigarra malvada
Zomba da situação
Cantando faz previsão
Que a estiagem persiste
Oh! Meu Deus como é tão triste
Uma seca no sertão!

O sertanejo tristonho
Se levanta de manhã
Ouve o canto da acauã
Tão langoroso e bisonho.
A noite ele teve um sonho
E nessa feliz visão
Viu relampejo, e o trovão
Fazendo grande alarido.
Acordou desiludido
Com a seca no sertão!

A cacimba e o barreiro
Vazios traz desencanto
De água só vê-se o pranto
Que cai do pobre roceiro
Correr no rosto trigueiro
Ao olhar pra vastidão
Pedir com fé e devoção
Oh! Deus ouça o meu lamento!
Porque assim não aguento
Mais a seca no sertão!

Criancinhas inocentes
Magras, famintas, sedentas
Seminuas molambentas
Desnutridas e doentes
Olhe Deus! Pra esses viventes
Deles tenha compaixão.
Os que governam a nação
De nós não se compadecem
Depois do voto se esquecem
Que há a seca no sertão!

Por isso ao Pai imploramos
 Alertando em cada prece
Nossa gente não merece
Viver assim como estamos
Em suas mãos entregamos
Pedidos em oração
Pra que haja solução
Esperamos no Senhor
Pedindo: Deus, por favor,
Finde a seca no sertão!

A Mulher Que Mais Amei - Patativa do Assaré

 

Era um modelo perfeito 
A mulher que mais amei,
 
Linda e simpática de um jeito
 
Que eu mesmo dizer não sei.
 
Era bela, muito bela;
 
Para comparar com ela,
 
Outra coisa eu não arranjo
 
E por isso tenho dito
 
Que se anjo é mesmo bonito,
 
Era o retrato dum anjo.

Sei que alguém não me acredita, 
Mas eu digo com razão,
 
Foi a mulher mais bonita
 
De cima de nosso chão;
 
Era mesmo de encomenda
 
E do amor daquela prenda
 
Eu fui o merecedor,
 
Eu era mesmo sozinho
 
Dono de todo carinho
Daquele anjo encantador.

Era bem firme a donzela,
Só em mim vivia pensando. 
Quando eu olhava ela,
 
Ela já estava me olhando.
 
Para a gente conversar
 
Quando eu não ia, ela vinha,
 
Um do outro sempre bem perto
 
Nosso amor dava tão certo
 
Quem nem faca na bainha.

E por sorte ou por capricho,
Eu tinha prata, ouro e cobre. 
Dinheiro em mim era lixo
 
Em casa de gente pobre.
 
Nós nunca perdíamos ato
 
De cinema e de teatro
 
De drama e mais diversão,
 
Não faltava coisa alguma,
 
As notas eu tinha de ruma
 
Para nós andar de avião.

Meu grande contentamento, 
Não havia mais maior
 
E nossos dois pensamentos
 
Pensava uma coisa só.
 
Para desfrutar a minha vida
 
Perto de minha queria
 
Eu não poupava dinheiro.
 
Tanta sorte nós tivemos
 
Que muitas viagens fizemos
 
Nas terras do estrangeiro.

E quando nós se trajava 
E saía a passear
 
O povo todo arredava
 
Para ver nos dois passar
 
Cada qual mais prazenteiro
 
Deste nosso mundo inteiro
 
Nós dois éramos os mais feliz
 
Vivíamos nas altas rodas
 
E só trajava nas modas
 
Dos modelos de Paris.

Assim a vida corria 
E o prazer continuava
 
Aonde um fosse o outro ia
 
Onde um tivesse o outro estava;
 
Para festa de posição
 
Das mais alta ingorfação
 
Nunca faltava convite
 
Para dizer a verdade
 
A nossa felicidade
 
Já passava dos limites

Era boa a nossa sorte 
E n]ao mudava um segundo
 
Ninguém pensava na morte
 
E o céu era aqui no mundo.
 
Na refeição nós comia
 
Das melhores iguarias
 
Sem falar de carne e arroz
 
E por isso muita gente
 
Ficava rangendo os dentes
 
Com ciúmes de nós dois.

Foi uma coisa badeja 
A vida que eu desfrutei,
 
Mas para quem tiver inveja
 
Dessa vida que levei
 
Com tanta felicidade,
 
Eu vou dizer a verdade,
 
Pois não engano ninguém.
 
Aquele anjinho risonho
 
Eu vi foi durante um sonho;
 
Mulher nunca me quis bem!

A história não foi verdade, 
Todo sonho é mentiroso
 
Aquela felicidade
 
De tanto luxo e de gozo
 
Sem o menor sacrifício,
 
Foi negócio fictício,
 
Não foi coisa verdadeira.
 
Eu fiquei dando o cavaco:
 
“Este alimento fraco
 
Só dá para sonhar besteira.”

De noite eu tinha jantado 
Um mucunzá sem tempero
 
E acordei alvoroçado
 
Sem mulher e sem dinheiro;
 
Ainda reparei bem
 
Para vê se via alguém
 
De junto de minha rede
 
Mas, em vez de tudo aquilo
 
Só ouvi cantando o grilo
 
Nos buracos da parede.

Quando acordei estava só 
Sem ter ninguém do meu lado,
 
Era muito mais melhor
 
Que eu não tivesse sonhado.
 
Quem já vai no fim da estrada
 
Levando a carga pesada
 
De sofrimento sem fim,
 
Doente, cansado e fraco
 
Vem um sonho enchendo o saco
 
Piorar quem já está ruim.”

Patativa do Assaré