"O fracasso é uma excelente oportunidade para o sucesso". (Autor desconhecido)


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segunda-feira, 4 de março de 2013


A Mulher Que Mais Amei - Patativa do Assaré

 

Era um modelo perfeito 
A mulher que mais amei,
 
Linda e simpática de um jeito
 
Que eu mesmo dizer não sei.
 
Era bela, muito bela;
 
Para comparar com ela,
 
Outra coisa eu não arranjo
 
E por isso tenho dito
 
Que se anjo é mesmo bonito,
 
Era o retrato dum anjo.

Sei que alguém não me acredita, 
Mas eu digo com razão,
 
Foi a mulher mais bonita
 
De cima de nosso chão;
 
Era mesmo de encomenda
 
E do amor daquela prenda
 
Eu fui o merecedor,
 
Eu era mesmo sozinho
 
Dono de todo carinho
Daquele anjo encantador.

Era bem firme a donzela,
Só em mim vivia pensando. 
Quando eu olhava ela,
 
Ela já estava me olhando.
 
Para a gente conversar
 
Quando eu não ia, ela vinha,
 
Um do outro sempre bem perto
 
Nosso amor dava tão certo
 
Quem nem faca na bainha.

E por sorte ou por capricho,
Eu tinha prata, ouro e cobre. 
Dinheiro em mim era lixo
 
Em casa de gente pobre.
 
Nós nunca perdíamos ato
 
De cinema e de teatro
 
De drama e mais diversão,
 
Não faltava coisa alguma,
 
As notas eu tinha de ruma
 
Para nós andar de avião.

Meu grande contentamento, 
Não havia mais maior
 
E nossos dois pensamentos
 
Pensava uma coisa só.
 
Para desfrutar a minha vida
 
Perto de minha queria
 
Eu não poupava dinheiro.
 
Tanta sorte nós tivemos
 
Que muitas viagens fizemos
 
Nas terras do estrangeiro.

E quando nós se trajava 
E saía a passear
 
O povo todo arredava
 
Para ver nos dois passar
 
Cada qual mais prazenteiro
 
Deste nosso mundo inteiro
 
Nós dois éramos os mais feliz
 
Vivíamos nas altas rodas
 
E só trajava nas modas
 
Dos modelos de Paris.

Assim a vida corria 
E o prazer continuava
 
Aonde um fosse o outro ia
 
Onde um tivesse o outro estava;
 
Para festa de posição
 
Das mais alta ingorfação
 
Nunca faltava convite
 
Para dizer a verdade
 
A nossa felicidade
 
Já passava dos limites

Era boa a nossa sorte 
E n]ao mudava um segundo
 
Ninguém pensava na morte
 
E o céu era aqui no mundo.
 
Na refeição nós comia
 
Das melhores iguarias
 
Sem falar de carne e arroz
 
E por isso muita gente
 
Ficava rangendo os dentes
 
Com ciúmes de nós dois.

Foi uma coisa badeja 
A vida que eu desfrutei,
 
Mas para quem tiver inveja
 
Dessa vida que levei
 
Com tanta felicidade,
 
Eu vou dizer a verdade,
 
Pois não engano ninguém.
 
Aquele anjinho risonho
 
Eu vi foi durante um sonho;
 
Mulher nunca me quis bem!

A história não foi verdade, 
Todo sonho é mentiroso
 
Aquela felicidade
 
De tanto luxo e de gozo
 
Sem o menor sacrifício,
 
Foi negócio fictício,
 
Não foi coisa verdadeira.
 
Eu fiquei dando o cavaco:
 
“Este alimento fraco
 
Só dá para sonhar besteira.”

De noite eu tinha jantado 
Um mucunzá sem tempero
 
E acordei alvoroçado
 
Sem mulher e sem dinheiro;
 
Ainda reparei bem
 
Para vê se via alguém
 
De junto de minha rede
 
Mas, em vez de tudo aquilo
 
Só ouvi cantando o grilo
 
Nos buracos da parede.

Quando acordei estava só 
Sem ter ninguém do meu lado,
 
Era muito mais melhor
 
Que eu não tivesse sonhado.
 
Quem já vai no fim da estrada
 
Levando a carga pesada
 
De sofrimento sem fim,
 
Doente, cansado e fraco
 
Vem um sonho enchendo o saco
 
Piorar quem já está ruim.”

Patativa do Assaré

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