A existência de Deus
Deus está nas idéias de Platão
Aristóteles, Confúcio, Cicero e Dante
Gutemberg, Barret, Galeno e Kant
Leonardo, Beethoven e Salomão
Quem afirma que Deus é ficção
É nocivo, pequeno e ignorante
Para o mundo é insignificante
Porque Deus é a própria inteligência
É a luz sublimada da ciência
Transformando uma célula num gigante
Deus está no sol quente e causticante
Nas camadas sutis e argilosas
Nas chapadas das serras arenosas
E nas cascatas do bosque horripilante
Nas jornadas saudosas do emigrante
Que se vive a sofrer não se mal diz
Deus existe no caule e na raiz
Na bondade, no amor, na esperança
E no sorriso inocente da criança
Que não sabe o que é ser infeliz
Deus está no voar dos colibris
Única ave que voa à marcha ré
Bota a marcha de força e não dá fé
Que a cabeça está perto do chassis
Deus existe nos verdes alcantis
E nos talhados globais que o mundo tem,
No chacal, no cancão e no vem-vem
Na floresta assombrosa e no arbusto
E na caneta de ouro do homem justo
Que não rouba um tostão de seu ninguém
Deus existe no mar com suas tonas
Nas colcheias dos vates nordestinos
Nos sussurros dos córregos cristalinos
E nas jazidas de ouro do amazonas
Nas ingênuas libélulas que são donas
Das gotículas de orvalho das manhãs
Nas gaivotas do mar, nas jaçanãs
No segredo do fogo e nas centelhas
E no zumbido sonoro das abelhas
Festejando um partido de “milhães”
Deus está no foguete e no avião
Nas emendas do paralepipédico
Na ciência das mãos do próprio médico
Que tentou transplantar um coração
No relâmpago, na chuva, no trovão
E nas fagulhas que vão na correnteza
Na paixão, na humildade e na nobreza,
Nos tecidos da teia da aranha
E no poeta no pé de uma montanha
Recebendo as lições da natureza
Deus existe em todos minerais,
Nos insetos nas aves e nos abrolhos,
Nas lanternas dos nossos próprios olhos
E nas camadas das nuvens pluviais
Na metamorfose nos rosais
Na essência da flor e no “paúlo”
Nas estrelas, no chão, no céu ‘azulo’
No escuro, no ar, na lua clara
No calor do deserto de Saara
E na frieza sem fim do pólo “sulo”
Deus está na criança abandonada
Que soluça com fome e não comenta
E no silencio do louco que senta
Na palhoça da beira da estrada
Nos rangido do remo da jangada
Que uma parte é molhada e outra enxuta
Deus está no preâmbulo da conduta
Do poeta que conta a sua história
E nas medalhas de ouro da vitória
De quem parte pra o campo e ganha a
luta
Deus existe em um cérebro eletrônico
Nos cristais que dão vida ao microfone
No mistério da voz do telefone
E nos artista atuais do mundo harmônico
Num piano melódico e sinfônico
Na energia atômica e na corrente
No progresso do mundo atualmente
Na caneta, na tinta e no papel,
E no milagre infinito da EMBRATEL
Que atira a imagem em nossa frente
Deus está numa máquina de escrever
Na mecânica da nova matemática
Na consciência tranqüila da gramática
E numa fita que fala e ninguém vê
Sua faixa estirar nem encolher
Entre a cor, a cadencia e a qualidade
Dependendo de ter velocidade
Ela grava, desgrava e pede bis
Da maneira que a boca humana diz
Ela canta pra toda humanidade
Deus está nesse encontro entre nós
Nos amigos que sentem meus problemas
Nos adultos que escutam meus poemas
E nas crianças que aplaudem a minha voz
Já esteve, ainda está, e logo após
Reunidos daqui viajaremos
Deus é tudo na vida o que nós temos
Crer em Deus é ter flores na memória
É saber que a morte é grande glória
Para a vida eterna que teremos!
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