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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Moradores de comunidades rurais sofrem sem abastecimento de água








Todos os dias uma peregrinação em busca de água para o consumo nas comunidades vizinhas. É essa a rotina dos moradores do Assentamento Vingt Rosado, cuja comunidade não possui água encanada. Lá é comum ver adultos ou crianças passando com suas carroças e seus tambores de água. É assim que estão sobrevivendo há mais de 15 anos, quando os primeiros moradores chegaram ao local.

“Meia légua todo dia. Aqui todo mundo já está acostumado a ir ao Jucuri buscar água de carroça. Eu estou vindo com dois tambores que dão para o dia de hoje para mim e minha esposa. Pena que a água é salobra, não dá para fazer café, e se for lavar roupa com ela gasta o dobro de sabão”, disse o agricultor Dias.

Na comunidade já foi perfurado um poço e já existe uma base para a caixa d’água. Próximo à base inacabada da caixa d’água uma placa indica o investimento do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) no valor de R$ 1.154.330,00 para a execução da construção de Rede de Adução e abastecimento de água, além da construção de caixa d’água e perfuração de poços nas agrovilas dos projetos de assentamento em Barreira Vermelha, Boa Fé, Fazenda Nova, Maracanaú, Oziel Alves, São Cristóvão, São José II, São Romão II, Solidão e Vingt Rosado. A conclusão total da obra seria para outubro de 2010.




A presidente da Associação de Moradores do Assentamento, Josineide Santana, explicou que são 85 famílias assentadas no local, cujo assentamento foi homologado em Janeiro de 2001. “Algumas casas têm cisternas, que armazenam água de chuva, mas para o consumo cada família tem direito a 12 latas de água por semana, é o máximo que nosso dessalinizador pode suportar”, afirmou.

Ela afirma que os assentados do Vingt Rosado pegam água salobra do Jucuri e potável de Barreira Vermelha, as duas comunidades vizinhas, e que já procurou o Incra para explicações, principalmente sobre a paralisação da obra. “O que me disseram foi que o repasse financeiro foi feito para o governo do estado”, destacou.

Mas mesmo na comunidade do Jucuri, onde o sistema de abastecimento de água já foi todo encanado pela prefeitura, a água vem do poço localizado na comunidade de Pedra Branca, há 8,5 quilômetros, mas em alguns locais, a água não chega.

“Tem 26 anos que moro aqui, e o sofrimento de água é grande. O que nós queremos é mais seriedade dos profissionais responsáveis pela distribuição”, lamentou o agricultor Raimundo Vieira.

A agricultora Maria Nelza da Silva, de 62 anos, afirmou que todos os dias coloca seus baldes em um carro de mão e sai pedindo na parte da comunidade onde a água vem com frequência.

“Lavo minha roupa com água salgada, mas para o consumo da comida, saio pedindo e dependendo de pessoas que tenham boa vontade. Já tentamos falar com a pessoa responsável pela distribuição, pois em alguns dos locais onde tem água, as caixas ficam derramando o dia todo, enquanto outros não têm, mas ninguém faz nada por nós”, disse.

Sobre o Assentamento Vingt Rosado, a Superintendência Regional do Incra explicou que existe um convênio com o governo, e que está havendo uma cobrança nesse sentido, inclusive que a Superintendência já notificou o estado, através da Secretaria de Agricultura e Pecuária (SAP), que tem um prazo processual para dar explicações sobre o atraso da obra.

Segundo a assessoria da Superintendência do Incra, o convênio representa um repasse de R$ 3 milhões para o governo do estado para a execução das obras de abastecimento às  comunidades, valor esse que já foi dividido em três parcelas de R$ 1 milhão cada. Duas parcelas já foram pagas e a terceira somente após a resposta do governo sobre o atraso. Mas o Instituto já solicitou um levantamento orçamentário.




Já no que diz respeito à comunidade do Jucuri, o gerente de Agricultura Rondinell Carlos afirmou que esteve na comunidade na última sexta-feira, e que não tem conhecimento dessa dificuldade, já que mantém contato com os dois responsáveis pelo abastecimento na comunidade diariamente. “O que sabemos é que o poço funciona normalmente”, concluiu.



Com informações da repórter Monalisa Cardoso
Fotos: Ednilto Neves/Gazeta do Oeste
fonte: gazeta do Oeste

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