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domingo, 9 de outubro de 2011

Poemas de CORDEL

Poemas de CORDEL



Rimas para palavras e palavrões

--- Walter Medeiros 

Quando o homem foi criado
No meio da natureza
Foi uma grande surpresa
Prá boi, macaco e veado,
Era tudo uma beleza
Não existia tristeza
No vale nem no cerrado.
 
Mas essa vida pacata
Que existia na terra
Tempo de paz e sem guerra
Não tinha nem opercata
Logo, logo se encerra
Pois lá do alto da serra
Surgiu o que se relata.
 
Para melhorar o mundo
Foi criada a mulher
Duma costela qualquer
Nasceu em um só segundo
Aí o homem, com fé,
Foi correndo prá maré
Mas não ia até o fundo.
 
Aconteceu muita coisa
E o tempo foi passando
A terra se povoando
Pelo homem e a esposa
Hoje a terra vai rodando
Todo mundo se estranhando
Até sapo e mariposa.
 
Antigamente o respeito
Era quase natural
Na zona urbana e rural
Era tudo de outro jeito
Hoje a coisa vai mal
E tudo que é imoral
É o que tá sendo feito.
 
Em qualquer lugar que vou
Encontro pornografia
Tem delas que arrepia
Quem nunca se acostumou
A ver no seu dia-a-dia
Essa linguagem vazia
Que a cultura dominou
 
Mas aqui não vou rimar
Com as palavras que malho
Prefiro jogar baralho
A tais palavras usar
Se eu cometer ato falho
De qualquer santo me valho
Prá me penitenciar
 
Muita gente já sentiu
Algo triste de verdade
Pois até a liberdade
Recebe agressão vil
Quando vê essa disputa
No meio de tanta luta
Pelo bem desse Brasil
 
E nunca tem quem socorra
Nosso querido idioma
Pois até gente de fama
Fala palavrão na zorra
Não quero uma redoma
Mas eu me sinto na lama
Feito uma velha cachorra
 
A coisa é mesmo preta
Isso não posso negar
Pois vejo em todo lugar
A rima da clarineta
Mas consigo escapar
Aqui basta me lembrar
Dos olhos de Mariêta
 
Até mesmo o mais sublime
Envolvimento de amor
A palavra deturpou
Acho isso quase um crime
Pois quem se enamorou
E fez lá o seu amor
De outra forma se exprime
 
Tem rima também prá poda
Nesse linguajar tão chulo
Que faz qualquer um dar pulo
Feito um samba de roda
Isso também não engulo
Algo que era tão fulo
Agora é a maior moda.
 
E o verbo que se vê
Quando alguém se revolta
E a sua ira solta
Manda logo que você
Chamado de idiota
E não é uma lorota
Vá se... eu não vou dizer
 
Mas de toda essa verdade
Aquela que choca mais
É quando se vê casais
Sem a menor caridade
Dizerem que são os pais
De crianças imorais
Mesmo em tenra idade
 
É como o Rei ficar nu
O tom da pornografia
Pois nomes que não se via
Para rimar com umbu
Agora em vez de umbuzada
A rima fica danada
Pois não dizem nem caju
 
Lembro quando era menino
E via com aspereza
Falarem em safadeza
Era o maior desatino
Agora é uma tristeza
Acabaram com a beleza
Do inocente pequenino
 
Mas ainda tenho fé
Que o forró do sertão
Aquele do Gonzagão
Será sempre o que é
Mensagem de emoção
Sem a besta apelação
Do Calcinha de mulher.
 
Acho que falo verdade
Quando digo que o povo
Tem amor ao que é novo
Mas gosta de qualidade
Sei que tudo não resolvo
Mas aqui agora eu louvo
Quem faz o bem com vaidade.
 
Isso não me santifica
Não é isso que procuro
Esse é um páreo duro
Pelo que significa
Mas almejo no futuro
Um idioma tão puro
Que nem a água de bica
 
Esse é o meu recado
Espero ser entendido
Senão estarei perdido
Andando prá todo lado
Quero que tenham sentido
Como é feio o alarido
Do pornô banalizado.

FIM

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