
O cristo da minha terra
Não é de jóia ou marfim
Das lapinhas de capim
Dessas Noites de Natal
Que nasce em todo Dezembro
Festejando pelos membros
De corpo sacerdotal
O cristo da minha igreja
Não vive imobilizado
Nem preso e crucificado
Entre as velas dos altares
Cheio de tantas Marias
Morto nas paredes frias
Das igrejas secundares
O cristo da minha igreja
É santa luz da escritura
Ama, beija,abraça e cura
Paralíticos, cego e mudo
Essência purificada
Nós não sabemos de nada
Ele é quem sabe de tudo
O cristo da minha igreja
Nunca passou de um menino
Nazareno e palestino
Que tanta humildade tinha
Quando numa cruz sofria
Diante a Virgem Maria
Prometeu que ainda vinha
O cristo da minha igreja
Comunga com os oprimidos
Das mulheres sem maridos
Estupradas nas cozinhas
As pontes servem de teto
As mães servem de objeto
E os filhos de trombadinhas
O cristo da minha igreja
Vive o Natal das favelas
Das crianças magricelas
Que nasce e morrem sem nome
Nuas, famintas, peladas
As bocas escancaradas
Rochas de sede e de fome.
( OTACÍLIO BATISTA )
Nenen Estevam .
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