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sábado, 14 de maio de 2011

POEMA MATUTO!


O Donzelo Azarado
Léo Medeiros

Todo curpado sou eu
De tá no mundo sozim
Pois rejeitei os carim
Da fia de Amadeu
Que jogô uma praga neu
Com’a sinatura do cão
E eu já fiz oração
Inté pra São Gabrié
Mais num tem uma muié
Que quera meu coração.
II
Vivo largado no mundo
Nunca conheci muié
Ando num bom xevolé
Bebo, mas num masco fumo
Todo dia me prefumo
Qui inté pareço um jardim
Vô pro forró de Crispim
Os quato sabo do mês
Mas nem siqué uma veis
Uma moça oiô pra mim.
III
E eu que tanto manguei
Do meu tie Mané Quixó
E ele arrumô um xodó
Com’a fia de Zé Vermei
Casô já tem ano e mei
E é pai dum bruguelim
Agora manga de mim
E vevi o tempo sirrino
Inté qué dá o menino
Pra mode eu sê padrim.
IV
Pois inté em cabaré
As dama num quere eu
Eu gasto o dinheiro meu
E num arrumo uma muié
Sou iguazin um Mané
Faço a maió dispesa
Pago cunhaque, cerveja
Com caldo de mocotó
Mais s’eu chamar pro mocó
Elas arriba da mesa.
V
Me pregunto azucrinado
Pra minha sorte tirana
Pro que que nenhuma dama
Qué se deitá do meu lado
Pois num sô malamanhado
E nem ando cum confusão
Suprico, faço oração
Que inté os meu quexo treme
Mais num aparece uma feme
Pra temperá meu fêjão.
VI
Simpatia eu fiz seu moço
Pra mais de mil e seiscentas
Tumei banho de água benta
Misturado cum sá grosso
Já carreguei no pescoço
Terço de reza, ruzaro
Fiz um tratamento caro
Com uma cigana baiana
Mas as danada das dama
Em mim num bota reparo.
VII
Um dia na Boiburema
Pra mode me agazaiá
Inventei de me ajuntá
Cum Roxa minha jumenta
Foi uma paxão ciumenta
De dá inveja a pixote
Inté que’u tava cum sorte
Se dismanchano de amô
Mas a peste mi trocô
Por um jumento de lote.
VIII
Quando Roxa me laigô
Sintí um abalo profundo
Só num parti desse mundo
Proque mamãe num dexô.
Mais vontade num fartô
Deu batê a caçoleta
Inda peguei na bereta
Mode fazê a desgraça
Mais mamãe gritô num faça
Num dê gosto pro capeta.
IX
Aí pulô no meu pescoço
Derribô na hora a arma
E me disse tenha carma
Acabe cum esse avoroço.
Pegô e butô no bôso
A bereta carregada
Vendeu a minha ispigarda
Mode’u num fazê bestêra
Foi na rua e fez uma fêra
Cum apurado da danada.
X
A dispois do acunticido
Eu fiquei na sua guarda.
Pois inté pr’eu bebê água
Mãe ia junto cumigo.
Veneno foi iscondido
Faca e corda tombém
Trancado como um refém
Passei dois ano cumpreto
Sem vê de longe ou de perto
Muié, jumenta ou argúem.
XI
Agradeço a mamãe bela
Pro tê chegado na hora
A Deus e a Nossa Sinhora
Que dero viveza a ela
Hoje mermo sem donzela
Num penso mais in morrê
Proque é mió vivê
Donzelo, na terra vivo
Do que numa cova cativo
Intregue pro xão cumê.

FIM.
 

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