"O fracasso é uma excelente oportunidade para o sucesso". (Autor desconhecido)


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terça-feira, 21 de agosto de 2012




“No ano de vinte e quatro, 
     A quinze de fevereiro, 
     Por ordem do doutor Floro 
     Viu-se entrar no Juazeiro 
     O grupo de Lampião 
     O famoso cangaceiro.
João Mendes de Oliveira 
     Foi quem lhe deu hospedagem: 
     Junto a trinta cangaceiros 
     Provou ter muita coragem, 
     De acolher aquela gente, 
     Que matar, a vantagem.
À tarde ai tive recado 
     Dado por um portador: 
     - O capitão Lampião 
     Mandou dizer ao Senhor 
     Que levasse o instrumento 
     E fosse lá por favor.
Eu peguei o instrumento, 
     Saí, e não meditei, 
     Para a casa de João Mendes, 
     Cheguei lá, me apresentei, 
     Lampião falou comigo 
     E eu lhe cumprimentei.
Lampião então me disse: 
     “Eu só mandei lhe chamar, 
     Foi para lhe conhecer 
     E ouvir você cantar, 
     Tudo que souber de mim 
     Você pode improvisar.
Meu padrinho Padre Cícero 
     Gosta muito de você, 
     Por isto eu gosto também, 
     Não tem que vá lhe ofender. 
     Tenho muito que fazer...”
Eu disse: Existe três coisas 
     Que se admira no sertão: 
     É o cantador Aderaldo 
     E a coragem de Lampião 
     E as cousas prodigiosas 
     Do Padre Cícero Romão.
Juazeiro é colocado 
     Em um soberbo recanto, 
     Terra de Nossa Senhora, 
     Por isto é que amo tanto 
     Ao meu padim Padre Cícero 
     Porque seu conselho é santo.
Lampião disse:”Aderaldo 
     Estou muito agradecido, 
     Dos elogios que fizestes 
     Me deixaram comovidos”. 
     E eu lhe disse: - Capitão, 
     Vou lhe fazer um pedido.
Lampião sorriu e disse: 
     “Então me diga o que é”. 
     - Capitão o que lhe peço 
     É uma arma qualquer, 
     Para eu ter como memória 
     Se acaso o senhor puder...
“Aderaldo, o seu pedido 
     Para mim foi muito belo. 
     Se você não fosse cego, 
     Lhe dava um papo amarelo; 
     Tome esta pistola velha, 
     Que matou Antônio Castelo...”
Ainda hoje eu tenho 
     Este objeto guardado, 
     Nunca emprestei a ninguém, 
     Dinheiro eu tenho enjeitado, 
     Até quinhentos mil réis 
     Por ela alguém tem botado.
Desde que recebi ela 
     Nunca ela mais atirou, 
     Nunca mais possuiu bala, 
     Nem vida alheia atirou. 
     Vive dentro de uma mala 
     E com o tempo enferrujou.
Em Arapiraca, Alagoas, certa vez, quando me perguntaram que idéia eu fazia de Lampião, peguei a viola e cantei esse improviso que ainda hoje é repetido pelos sertões do Nordeste:
O retrato de Lampião 
     Eu descrevo com capricho: 
     Não brigando, era simpático, 
     Dentro da luta era um bicho, 
     Com o seu terno de mescla 
     E alpargata de rabicho...
Pulava igualmente a gato, 
     Com o rifle e a cartucheira 
Mais um rifle  pequenino 
Que tinha na bandoleira 
E um revólver Anagão 
Chamado espanta-ribeira.
Ostentava na cabeça 
Um grande chapéu de couro, 
O seu pescoço eua ornado 
Com um lindo colar de ouro. 
Se lia no rosto dele: 
“Não suporto desaforo.”
Zé Antonio do Fechado 
Foi um grande valentão: 
Zé Dantas, João Vinte e dois 
Era uma assombração... 
Jesuíno brigou muito, 
Mas não como Lampião.

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