“No ano de vinte e quatro,
A quinze de fevereiro,
Por ordem do doutor Floro
Viu-se entrar no Juazeiro
O grupo de Lampião
O famoso cangaceiro.
A quinze de fevereiro,
Por ordem do doutor Floro
Viu-se entrar no Juazeiro
O grupo de Lampião
O famoso cangaceiro.
João Mendes de Oliveira
Foi quem lhe deu hospedagem:
Junto a trinta cangaceiros
Provou ter muita coragem,
De acolher aquela gente,
Que matar, a vantagem.
Foi quem lhe deu hospedagem:
Junto a trinta cangaceiros
Provou ter muita coragem,
De acolher aquela gente,
Que matar, a vantagem.
À tarde ai tive recado
Dado por um portador:
- O capitão Lampião
Mandou dizer ao Senhor
Que levasse o instrumento
E fosse lá por favor.
Dado por um portador:
- O capitão Lampião
Mandou dizer ao Senhor
Que levasse o instrumento
E fosse lá por favor.
Eu peguei o instrumento,
Saí, e não meditei,
Para a casa de João Mendes,
Cheguei lá, me apresentei,
Lampião falou comigo
E eu lhe cumprimentei.
Saí, e não meditei,
Para a casa de João Mendes,
Cheguei lá, me apresentei,
Lampião falou comigo
E eu lhe cumprimentei.
Lampião então me disse:
“Eu só mandei lhe chamar,
Foi para lhe conhecer
E ouvir você cantar,
Tudo que souber de mim
Você pode improvisar.
“Eu só mandei lhe chamar,
Foi para lhe conhecer
E ouvir você cantar,
Tudo que souber de mim
Você pode improvisar.
Meu padrinho Padre Cícero
Gosta muito de você,
Por isto eu gosto também,
Não tem que vá lhe ofender.
Tenho muito que fazer...”
Gosta muito de você,
Por isto eu gosto também,
Não tem que vá lhe ofender.
Tenho muito que fazer...”
Eu disse: Existe três
coisas
Que se admira no sertão:
É o cantador Aderaldo
E a coragem de Lampião
E as cousas prodigiosas
Do Padre Cícero Romão.
Que se admira no sertão:
É o cantador Aderaldo
E a coragem de Lampião
E as cousas prodigiosas
Do Padre Cícero Romão.
Juazeiro é colocado
Em um soberbo recanto,
Terra de Nossa Senhora,
Por isto é que amo tanto
Ao meu padim Padre Cícero
Porque seu conselho é santo.
Em um soberbo recanto,
Terra de Nossa Senhora,
Por isto é que amo tanto
Ao meu padim Padre Cícero
Porque seu conselho é santo.
Lampião disse:”Aderaldo
Estou muito agradecido,
Dos elogios que fizestes
Me deixaram comovidos”.
E eu lhe disse: - Capitão,
Vou lhe fazer um pedido.
Estou muito agradecido,
Dos elogios que fizestes
Me deixaram comovidos”.
E eu lhe disse: - Capitão,
Vou lhe fazer um pedido.
Lampião sorriu e disse:
“Então me diga o que é”.
- Capitão o que lhe peço
É uma arma qualquer,
Para eu ter como memória
Se acaso o senhor puder...
“Então me diga o que é”.
- Capitão o que lhe peço
É uma arma qualquer,
Para eu ter como memória
Se acaso o senhor puder...
“Aderaldo, o seu pedido
Para mim foi muito belo.
Se você não fosse cego,
Lhe dava um papo amarelo;
Tome esta pistola velha,
Que matou Antônio Castelo...”
Para mim foi muito belo.
Se você não fosse cego,
Lhe dava um papo amarelo;
Tome esta pistola velha,
Que matou Antônio Castelo...”
Ainda hoje eu tenho
Este objeto guardado,
Nunca emprestei a ninguém,
Dinheiro eu tenho enjeitado,
Até quinhentos mil réis
Por ela alguém tem botado.
Este objeto guardado,
Nunca emprestei a ninguém,
Dinheiro eu tenho enjeitado,
Até quinhentos mil réis
Por ela alguém tem botado.
Desde que recebi ela
Nunca ela mais atirou,
Nunca mais possuiu bala,
Nem vida alheia atirou.
Vive dentro de uma mala
E com o tempo enferrujou.
Nunca ela mais atirou,
Nunca mais possuiu bala,
Nem vida alheia atirou.
Vive dentro de uma mala
E com o tempo enferrujou.
Em Arapiraca, Alagoas,
certa vez, quando me perguntaram que idéia eu fazia de Lampião, peguei a viola
e cantei esse improviso que ainda hoje é repetido pelos sertões do Nordeste:
O retrato de Lampião
Eu descrevo com capricho:
Não brigando, era simpático,
Dentro da luta era um bicho,
Com o seu terno de mescla
E alpargata de rabicho...
Eu descrevo com capricho:
Não brigando, era simpático,
Dentro da luta era um bicho,
Com o seu terno de mescla
E alpargata de rabicho...
Pulava igualmente a gato,
Com o rifle e a cartucheira
Mais um rifle pequenino
Que tinha na bandoleira
E um revólver Anagão
Chamado espanta-ribeira.
Com o rifle e a cartucheira
Mais um rifle pequenino
Que tinha na bandoleira
E um revólver Anagão
Chamado espanta-ribeira.
Ostentava na cabeça
Um grande chapéu de couro,
O seu pescoço eua ornado
Com um lindo colar de ouro.
Se lia no rosto dele:
“Não suporto desaforo.”
Um grande chapéu de couro,
O seu pescoço eua ornado
Com um lindo colar de ouro.
Se lia no rosto dele:
“Não suporto desaforo.”
Zé Antonio do Fechado
Foi um grande valentão:
Zé Dantas, João Vinte e dois
Era uma assombração...
Jesuíno brigou muito,
Mas não como Lampião.
Foi um grande valentão:
Zé Dantas, João Vinte e dois
Era uma assombração...
Jesuíno brigou muito,
Mas não como Lampião.
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